sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Como seria nossa vida se o AI-5 estivesse em vigor?

http://noticias.uol.com.br/infograficos/2013/12/12/ai-5-completa-45-anos.htm

ESPECIAL: 45 anos depois, jornalistas relatam cenário pós-AI-5 na imprensa




Click e veja a matéria no site
Apropriando-se de elementos como poemas, receitas de bolos e desenhos de figuras diabólicas, os jornais e revistas enfileirados na esteira da máquina da censura esquivavam-se do governo e conseguiam, de certo modo, alertar os leitores sobre os temas proibidos nas publicações.
A violação da liberdade de expressão, direito essencial da democracia, atingiu em cheio a imprensa durante o regime militar no Brasil. A grande mídia se afinava ao governo, enquanto alternativos apontavam as torturas. Mas, a simbiose entre a atividade jornalística e o poder fez com que os veículos encontrassem recursos para conseguir driblar os censores.Os jornalistas aprenderam a narrar os fatos nas entrelinhas e o povo se adaptou a ler esses códigos, explica a jornalista e pós-doutora em comunicação Joana Puntel. "Escrevi uma matéria, bastante grande, denunciando uma instituição governamental sem usar nenhuma vez o nome da entidade. Então, aprendemos como dizer as coisas sem esconder a verdade, mas de uma forma que o povo nos entendesse ", acrescenta a profissional, que atuava na revista Família Cristã.

Farsa real

A Rainha Elizabeth II visitou o Brasil em 1968, acompanhada pelo príncipe Philip. A visita, que durou dez dias, de 1 a 10 de novembro, antecedeu o AI-5. Ela chegou em Recife, foi para Salvador e, de lá, seguiu para Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.

Na capital paulista, inaugurou o Museu de Arte de São Paulo (MASP). Segundo Rose Nogueira, que trabalhava na Folha da Tarde, aquela foi a última vez que os jornalistas noticiariam um grande evento com liberdade. “O que sabíamos na imprensa e, em todo lugar se falava, é que os militares estavam esperando a rainha ir embora para fazer o decreto. Foi o que aconteceu realmente.”

Memórias de uma guerra suja

No jornalismo desde os anos 1970, com passagem por grandes veículos de comunicação, Paulo Markun foi trabalhar na TV Cultura, onde conheceu Vladimir Herzog, então diretor de jornalismo da emissora. Os dois tinham ligação com o Partido Comunista Brasileiro (PCB), proibido pela ditadura, e logo foram presos e convocados a depor pelos agentes do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi). Ele foi uma semana antes. Vlado em 24 de outubro de 1975 e, no dia seguinte, estava morto.

O jornalista conta que as prisões de 1975 apontavam o novo cenário político do país, que se deu pelo “golpe dentro do golpe”, instaurado pelo AI-5. “O que aconteceu de diferente no período da nossa prisão é que já havia alguma liberdade de imprensa e um governo, do Geisel, que era um pouco menos duro do que o ano anterior.”

O fato de Herzog ter se apresentado gerou uma indignação pública muito grande, segundo o jornalista. Somente com as mobilizações organizadas, como o culto ecumênico na catedral da Sé, a união das igrejas e de estudantes da USP, mudou a forma como a imprensa abordava a morte de Vlado.

“A imprensa, ainda naquela ocasião, não agiu de modo unânime em defesa dos presos e dos direitos humanos. Houve vários jornais que publicaram apenas a versão dos órgãos de segurança sobre a morte do Vlado, que era uma versão falsa, a de que ele teria se suicidado”, explica Markun.

A historia marcante dos jornalistas rendeu o livro "Meu Querido Vlado: A História de Vladimir Herzog e do Sonho de uma Geração", relato pessoal de quem sobreviveu aos porões da ditadura, baseado em lembranças e na pesquisa de documentos do Dops (Departamento de Ordem Política e Social).

Joana Puntel conta que, na época, foi escalada para acompanhar, junto com sua colega, a situação dos padres franceses na Guerrilha do Araguaia (PA), maior movimento armado contra a ditadura militar promovido pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), ainda na ilegalidade.

“Atravessamos o Rio Araguaia com a chamada voadeira e, quando chegamos, os soldados já estavam lá, armados. Eles olhavam para gente, perguntavam para onde iríamos e o que iríamos fazer, como se estivéssemos fazendo algo errado”, conta. O destino era a casa paroquial, local onde iriam conversar com três líderes da comunidade. Após passar pela perseguição de soldados, as jornalistas conseguiram que os guerrilheiros contassem a realidade enfrentada pelo povo, o que incluía diversas prisões, torturas e mortes.

Joana diz que o outro desafio foi voltar para Araguaína, local onde iria enviar a matéria para a redação. “Coloquei as três folhas entre a calça e tentava andar de um modo que ninguém percebesse. Depois de atravessar o rio, o ônibus que deveria pegar atrasou 15 minutos, o que, para mim, durou uma eternidade. Não queria perder de jeito nenhum a matéria e a minha carteira de jornalista.”

A jornalista Olga Bardawil relembra a história de seu marido, o também jornalista José Carlos Bardawil, que sofria de câncer na medula e morreu em janeiro de 1997. O profissional acompanhou diversos acontecimentos políticos do país e fez parte da primeira turma da revista Veja.

No período, ele também foi alvo dos censores. Bardawil produzia uma reportagem sobre o decreto do Ato em Brasília, mas teve de levar a foto e escrever a reportagem em São Paulo, sede da publicação.

A fotografia, feita anteriormente, estampava Costa e Silva sentado no Congresso vazio. A imagem foi a escolhida por Mino Carta, então diretor da revista, para ser a capa da publicação. Com receio de ser barrado pelos censores, Bardawil escondeu a imagem dentro de sua camisa e pegou um ônibus para o Rio de Janeiro, de lá, foi para a capital paulista.

Até chegar na metrópole, passou por duas barreiras policiais na estrada, mas conseguiu salvar a imagem. A publicação, entretanto, celebrada pela redação, foi censurada como outras edições. "Depois a censura se instalou na revista", explica Olga. Mais tarde, as matérias que não saíram emVeja foram reunidas e publicadas no livro "Os Sobreviventes", lançado em 1977 pelo Senado Federal.

Cenário atual

A historiadora Beatriz Kushnir defendeu uma tese de doutorado na Unicamp em 2001, publicada em 2004, que tenta demonstrar que a ditadura e o golpe receberam apoio da sociedade civil — além de parte da grande imprensa. “O que vai acontecer após o AI-5 são várias limpas dentro das redações e, aí, você terá vários veículos alternativos”, afirma.

“Mas, basicamente, essa ideia de resistência por parte da imprensa tento relativizar, já que parte da grande imprensa deu apoio ao golpe. Isso não quer dizer que não tenham existido momentos de resistência', comenta.

Ela explica que muitos veículos distorciam ou omitiam fatos para não serem censurados. “A autocensura é uma prática nas redações”, enfatiza. Para ela, ainda é possível observar isso em veículos hoje em dia. “Quem estava muito interessado em entender o que aconteceu no Brasil durante as passeatas de junho, não leu os grandes jornais, leu os jornais on-line. Porque se lesse a grande imprensa, não entenderia o que estava acontecendo.”

* Com supervisão de Vanessa Gonçalves


 

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

“Foi uma opção”

A imprensa brasileira sempre me surpreendendo de forma negativa. Minha tese de doutorado foi defendida em 2001. O livro, fruto da tese, foi publicado em 2004 e reeditado em 2012, e o jornalista diz que "A historiadora Beatriz Kushnir (...) está enfiando a mão num vespeiro"...
Aqui aproveito para pedir desculpas a quem foi hoje ao Painel sobre Imprensa e não me encontrou para apresentar a palestra. Por problemas de logística, a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo "Rubens Paiva" infelizmente, não conseguiu me levar a SP. Fica para uma próxima!


Beatriz Kushnir (...) afirma que veículos  se organizaram para conviver com os censores. 

“Foi uma opção”



    A historiadora Beatriz Kushnir (...) está enfiando a mão num vespeiro. Amparada em pesquisa nos arquivos públicos, entrevistas e tendo os próprios jornais e revistas como fontes, ela afirma que, além de não se insurgir contra a censura, a chamada grande imprensa adaptou-se convenientemente às exigências do regime militar e, em alguns casos, de requintes escabrosos, ainda colaborou com os órgãos de repressão.
    “Não houve resistência. Os veículos adotaram a autocensura e se organizaram para conviver com os censores dentro das redações. Foi uma opção”, diz a historiadora. No painel que apresentará nesta quinta-feira à Comissão da Verdade de São Paulo (“A imprensa que colaborou com a ditadura”), Kushnir pretende derrubar alguns mitos na relação entre a imprensa e a ditadura. Um deles é o de que alguns jornais, como o Estado de S. Paulo, publicaram receitas de bolo, poemas ou versos de Camões para resistir, driblando os censores e avisando leitores sobre reportagens proibidas.


    Reprodução
    Correio da manhã pedindo a saída de Jango
    “Ninguém estampou uma tarja no vazio ou deixou o espaço em branco para avisar que estava sob censura”, afirma a historiadora, autora de uma alentada pesquisa sobre o tema, condensada no livro “Cães de Guarda – jornalistas e censores, do AI-5 a Constituição de 1988”, em que mostra certa simbiose entre a atividade jornalística e a censura.
    Os profissionais que se especializaram no uso do lápis vermelho e da tesoura para enviar às redações os famosos bilhetinhos da censura (“por ordem superior, fica proibido...”), segundo ela, eram recrutados, predominantemente, no meio jornalístico, embora muitos também tivessem formação em direito, letras e psicologia – requisitos necessários no perfil exigido pelo governo.
    Os dez primeiros censores recrutados pelo Ministério da Justiça no regime militar, segundo ela, eram jornalistas. A historiadora diz que sem o consentimento dos donos de veículos de comunicação – alguns chegaram a mandar funcionários a Brasília para se adequar ao que o regime queria – e a concordância dos diretores de redação da época seria impossível controlar a imprensa. “Os censores eram, no máximo, 200. Como dar conta do país inteiro com esse número?”, observa a historiadora.
    Em linha com o entendimento adotado pela Comissão Nacional da Verdade, Beatriz Kushnir diz que é um equívoco tratar a derrubada do ex-presidente João Goulart como um golpe militar. “Foi civil-militar. A sociedade apoiou. Jornais como o Correio da Manhã pediram, em editoriais, a destituição do presidente da República na véspera do golpe”, lembra a historiadora. Os demais jornais também conspiraram a favor do golpe.
    O Correio da Manhã foi um dos primeiros a fazer oposição ao regime e acabou fechado em 1970. Os outros veículos, todos eles dominados por famílias no eixo Rio-São Paulo, esboçaram alguma reação apenas a partir do Ato Institucional nº 5 (AI-5), em 1968, que aprofundaria a ditadura, com estado de sítio, censura explícita e repressão ferrenha aos militantes da esquerda armada. Segundo a historiadora, a colaboração ou a autocensura na imprensa refletiu o apoio da sociedade ao golpe.
    As observações mais contundentes são reservadas ao Grupo Folha, cujo dono, Otávio Frias de Oliveira, já falecido, teria deixado que os caminhões de distribuição de jornais fossem usados como espaço de infiltração de agentes da repressão e autorizado que a presença de policiais no comando de um dos veículos, a extinta Folha da Tarde.
    Ela afirma que Frias e outros empresários – como Sebastião Camargo, da Construtora Camargo Corrêa – se tornaram alvos da esquerda armada pela suposta colaboração ao regime militar, mas as ações acabaram não se concretizando. Todos eles adotaram esquema de segurança depois do assassinato do empresário Henning Albert Boilesen, que também teria colaborado com os órgãos de repressão.
    O então diretor da Folha da Tarde, Antônio Aggio, diz a historiadora, usou uma metralhadora durante os 16 anos em que comandou a redação, entre 1969 e 1984, e transformou o jornal numa espécie de porta-voz dos órgãos de repressão do regime. Os demais dirigentes da redação eram todos egressos dos órgãos militares ou da polícia paulista.

    sexta-feira, 26 de abril de 2013


    Eduardo Guimarães: Na Folha, Mercadante afronta vítimas da ditadura


    por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania
    Na semana que finda, o ex-delegado da Polícia Civil Cláudio Guerra delatou o comparsa de atrocidades durante a ditadura militar, o fundador do jornal Folha de São Paulo, Octavio Frias de Oliveira (1912-2007). Revelou que ele visitava “frequentemente” o Dops (Departamento de Ordem Política e Social), que, como se sabe, era um centro de torturas.
    A denúncia foi feita ao vereador Gilberto Natalini, presidente da Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo. Além dessa denúncia, também revelou que a Folha emprestou carros e ajudou a financiar os órgãos da repressão na época – denúncia que não é nova e que figura no livro Cães de Guarda, da doutora em História Social Beatriz Kushnir.
    Palavras do denunciante: “O Frias visitava o Dops constantemente. Isso está registrado.”
    Sim, está registrado. Recentemente, a Comissão da Verdade de São Paulo recebeu o livro de visitas do DOPS, onde empresários como Frias parece que davam expediente, sendo “inexplicável” a razão para comparecerem a um centro de torturas e morte seguidas vezes.
    Segundo a própria Folha de São Paulo, em matéria publicada na quinta-feira, “Guerra disse também que o publisher da Folha era ‘amigo pessoal’ do delegado Sérgio Paranhos Fleury, um dos mais ativos agentes da repressão”.
    O depoimento do congênere de Frias durante a ditadura foi apresentado em vídeo na terça-feira em audiência da Comissão da Verdade na Câmara Municipal de São Paulo.
    Verdade seja dita, a Folha publicou as denúncias contra si em sua edição de quinta-feira. A coragem do jornal, porém, contrasta com a covardia do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, que enviou carta ao Painel do Leitor da publicação a fim de bajulá-la. Fazendo isso, Mercadante envergonhou o PT e esbofeteou as vítimas da ditadura.
    Leia, abaixo, o texto patético de alguém que é fundador do PT e ministro da educação do governo Dilma e que foi publicado na edição da Folha desta sexta-feira.
    Folha publicou notícia de que o empresário Octavio Frias de Oliveira visitou frequentemente o Dops e era amigo pessoal do delegado Sérgio Paranhos Fleury, um dos mais ativos agentes da repressão.
    A denúncia partiu do ex-agente da repressão, Cláudio Guerra. Recebi a informação perplexo e incrédulo. Especialmente porque militei contra a ditadura militar na dura década de 70 e tive a oportunidade de testemunhar o papel desempenhado pelo jornal, sob o comando de “seu Frias”, na luta pelas liberdades democráticas.
    A coluna de Perseu Abramo sempre foi referência da luta estudantil nos dias difíceis de repressão. A página de “Opinião” abriu espaço para o debate democrático e pluralista. A Folhacontribuiu decisivamente para a campanha das Diretas Já.
    Ao longo desses 40 anos de militância política, mesmo com opiniões muitas vezes opostas às daFolha, testemunho que o jornal sempre garantiu o debate e a pluralidade de ideias, que ajudaram a construir o Brasil democrático de hoje.
    E “seu Frias” merece, por isso, meu reconhecimento. Acredito que falo por muitos da minha geração.
    Aloizio Mercadante, ministro de Estado da Educação (Brasília, DF)
    Quem escreveu esse texto vergonhoso não foi um general de pijama nem um dos barões da mídia, foi um dos fundadores do PT em 1980, vice-presidente do partido entre 1991 e 1999, senador pelo estado de São Paulo entre 2003 e 2010, ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil de 2011 a 2012 e que se tornou ministro da Educação no ano passado.
    Apesar de Mercadante ser filho de general do Exército, não parece que seja essa a sua motivação para se fazer de desinformado e, assim, dar à Folha o que ela precisava, um depoimento em defesa de Frias pai por parte de alguém que, por ser petista, seria insuspeito de estar mentindo a favor dele – a Folha parece reconhecer que está publicando o depoimento de um adversário político.
    Mercadante apenas bajula a Folha como tantos outros petistas que acham que podem ser menos pisoteados pelo jornal se rastejarem diante dele e se ajoelharem em seu altar de mentiras. Mas caso o ministro da educação seja apenas um idiota que chegou aonde chegou sem conhecer a história de seu país, aí vão alguns esclarecimentos a ele.
    O homem fardado e a declaração na foto que encima este texto correspondem a Otávio Frias de Oliveira, o falecido fundador do jornal Folha de São Paulo. Imagem e palavras pertencem a momentos distintos de sua vida. Todavia, unidas, explicam quem foi ele.
    Frias de Oliveira lutou na Revolução Constitucionalista de 1932, que tentou dar um golpe de Estado contra Getúlio Vargas. Coerente com seu apreço pelo militarismo e pela derrubada de governos dos quais não gostava, apoiou o golpe militar de 1964.
    Nesse período, a Folha de São Paulo serviu de voz e pernas para os ditadores que se sucederiam no poder ao exaltá-los e ao transportar para eles seus presos políticos até os centros de tortura do regime.
    No dia 21 de setembro de 1971, a Ação Libertadora Nacional (ALN) incendiou camionetes da Folha que eram utilizadas para entregar jornais. Os responsáveis acusavam o dono do jornal de emprestar os veículos para transporte de presos políticos. Frias de Oliveira respondeu ao atentado publicando um editorial na primeira página no dia seguinte, sob o título “Banditismo”.
    Eis um trecho do texto:
    Os ataques do terrorismo não alterarão a nossa linha de conduta. Como o pior cego é o que não quer ver, o pior do terrorismo é não compreender que no Brasil não há lugar para ele. Nunca houve. E de maneira especial não há hoje, quando um governo sério, responsável, respeitável e com indiscutível apoio popular está levando o Brasil pelos seguros caminhos do desenvolvimento com justiça social-realidade que nenhum brasileiro lúcido pode negar, e que o mundo todo reconhece e proclama. [...] Um país, enfim, de onde a subversão — que se alimenta do ódio e cultiva a violência – está sendo definitivamente erradicada, com o decidido apoio do povo e da imprensa, que reflete os sentimentos deste. Essa mesma imprensa que os remanescentes do terror querem golpear.”
    (Editorial: Banditismo – publicado em 22 de setembro de 1971; Octavio Frias de Oliveira).

    O presidente da República de então era Emílio Garrastazu Médici. Nomeado presidente pelos militares, comandou o período mais duro da ditadura militar. Foi a época do auge das prisões, torturas e assassinatos de militantes políticos de esquerda pelo regime.
    Apesar dos elogios de Frias de Oliveira à ditadura, segundo a Fundação Getúlio Vargas foi no governo Médici que a miséria e a concentração de renda ganharam impulso. O Brasil teve o 9º Produto Nacional Bruto do mundo no período, mas em desnutrição perdia apenas para Índia, Indonésia, Bangladesh, Paquistão e Filipinas.
    O que Aloizio Mercadante fez, não tem nome. Nem covardia e oportunismo definem seu ato. O petista, porém, engana-se sobre a Folha. Se for candidato a governador, ano que vem, terá oposição feroz do jornal. Sua bajulação foi inútil.
    Concluo este texto, portanto, com uma promessa: enquanto eu viver, esse político nunca mais receberá um voto meu. Além disso, exorto quem me lê e concorda com o que aqui foi dito a fazer o mesmo, pois quem age como o ministro Aloizio Mercandante agiu não só não merece confiança, mas merece muita desconfiança.
    PS do Viomundo:  O que as vítimas da ditadura e seus familiares têm a dizer sobre essa atitude de Mercadante? E o PT? Lembrando que o Eduardo Guimarães não se lembrou de citar duas questões relevantes sobre a relação da Folha com a ditadura: o empréstimo do jornal Folha da Tarde para a repressão, jornal que falsificava manchetes sobre morte de “terroristas” em confrontos fictícios; e a demissão da jornalista Rose Nogueira por abandono de emprego quando ela estava presa no presídio Tiradentes. Clique nos lnks abaixo para saber mais.


    Leia também:

    terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

    Cães de guarda, a imprensa burguesa e a ditadura militar 

    Resenha do livro de Beatriz Kushnir “Cães de Guarda - Jornalistas e Censores do AI-5 à Constituição de 1988” (Editora Boitempo)


    AMÉRICO GOMES, DA COMISSÃO DE PRESOS E PERSEGUIDOS POLÍTICOS DA CONVERGÊNCIA SOCIALISTA


    • O livro de Beatriz Kushnir, feito a partir da edição de sua tese de doutorado, “Cães de Guarda - Jornalistas e Censores do AI-5 à Constituição de 1988” (Editora Boitempo), é um excelente material para quem quer realmente conhecer a imprensa burguesa e suas relações com o poder.


    Ela foca seu trabalho nos grandes meios de comunicação nos tempos de ditadura cívico-militar-imperialista, com destaque para o Grupo Folha e o jornal Folha da Tarde, mas serve para entendermos os dias de hoje. Esta, inclusive, é a principal explicação do porque o livro quase não foi divulgado. Até agora, a grande imprensa ignorou este trabalho.

    Beatriz Kushnir é mestre em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e, atualmente, diretora do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, que possui um dos maiores acervos da imprensa alternativa, particularmente no regime militar. Sua tese foi apresentada no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
    Seu livro fala dos jornalistas de formação que fizeram parte do Departamento de Censura de Diversões Públicas (DCDP); dos policiais que atuaram como jornalistas e trabalharam na grande impresa; dos grandes meios que “acatavam” os bilhetinhos da repressão sobre o que se podia e o que não se podia publicar; dos “quadros de confiança”, jornalistas colaboracionistas que ficaram conhecidos como “gansos”, que cobriam o Deops e não passavam pela “revista”, seguindo direto pela entrada reservada aos policiais; e o papel totalmene colaboracionista com a ditadura que tiveram os donos dos grandes jornais. “Assim como nem todas as redações eram de esquerda, nem todos os jornalistas fizeram do ofício um ato de resistência ao arbítrio”, argumenta Beatriz em seu trabalho.
    O ponto alto do livro é a sua pesquisa do jornal Folha da Tarde (FT), do Grupo Folha, de Octavio Frias, dos fins de 1967 a 1984. Jornal que prestou grande serviço à repressão. Considerado o jornal mais sórdido do país[2], era também chamado de “delegacia” ou “orgão oficial da OBAN”.
    O Jornal de maior tiragem 
    Kushnir narra em sua tese a trajetória da Folha da Tarde. Conta que o jornal já teve uma redação de “esquerda”, mas depois foi o reduto, entre fins de 1969 e 1984, de um grupo de jornalistas colaboracionistas, os "cães de guarda". Com alguns deles tendo cargos na Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. Por isso o jornal ganhou a alcunha de “jornal de maior tiragem" no Brasil, pela grande presença de 'tiras' na redação.
    É verdade que praticamente todos os órgãos de imprensa transmitiam a versão do Estado na luta contra a guerrilha, ocultando a tortura, os assassinatos, os desaparecimentos e as mortes dos oposicionistas. Mas, o caso mais destacado foi, sem duvida nenhuma, foi o da Folha da Tarde.
    No livro, encontramos uma declaração de Aton Fon Filho publicada na revista Teoria & Debate que reafirma este caráter do jornal: “a propria Folha da Tarde estava muito submetida à orientação do DOI-CODI, fazendo guerra psicológica e propaganda contra a guerrilha, sem que qualquer ação militar tivesse desenvolvido contra ela. Não que não houvesse vontade de realizá-la. Esta surgia em cada mentira, a cada infâmia, a cada vez que a Folha da Tarde, na condição de porta voz oficioso do DOI-CODI, anunciava como fuga ou morte em combate o que na realidade fora o assassinato de um companheiro”.[3]
    O jornal tinha sido entregue a repressão como orgão de propaganda, enquanto papel, tinta e funcionários eram pagos pelo Grupo.[4]Em virtude disso, alguns fatos surpreendentes são relatados no livro como: a pouca importância dada à prisão de Frei Betto, em 11 de novembro de 1969. Surpreende, ainda mais, porque ele havia sido chefe de reportagem deste jornal, e isso nem foi citado. A total omissão da missa ecumênica, realizada na Catedral da Sé alguns dias depois da morte de Vladimir Herzog, assassinado nos porões da OBAN (Operação Bandeirante) em 25 de outubro de 1975. Ou a publicação, em 22 de maio de 1970, sob o título de “Terrorismo é uma farsa, denunciam jovens presos”, do arrependimento de cinco militantes políticos da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), no qual estes reavaliaram sua ação militante. E depois a contratação de dois destes arrependidos pelo jornal: Marcos Vinicius Fernandes dos Santos e Romulo Augusto Romero Fontes.
    Mas, a prática mais macabra que se estendeu a outros órgãos de imprensa, e que foi exemplar na FT, foi a de transmitir integralmente a versão do Estado para desaparecimentos e assassinatos de militantes de esquerda que, na verdade, teriam sido mortos sob tortura. Como foi o caso da notícia da morte do guerrilheiro Joaquim Seixas, militante do Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT), acusado de matar o industrial Henning Boilesen (organizador do caixinha da FIESP para manter a OBAN). Ivan Seixas, seu filho, preso com ele, foi levado para um ‘passeio’ pelos policiais e leu, em uma banca de jornal, a notícia da morte do pai, publicada em manchete pela Folha da Tarde. Quando voltou, viu que Joaquim Seixas estava vivo, mas viria a morrer horas depois. A FT anunciou a sua morte, já planejada pela repressão, em uma clara legalização de mortes em tortura.
    O mesmo foi feito com Bacuri, o guerrilheiro Eduardo Leite, que segundo depoimento,em juízo, de Vinicius Caldeira Brandt, chegou a ver a primeira página da Folha da Tarde anunciando a sua fuga, antes de ser assassinado.[5]
    A Folha e a ditadura
    A Folha de São Paulo, de Octavio Frias de Oliveira e Carlos Caldeira Filho, era, em 1962, antijanguista e, em 1964, apoiou o golpe militar[6]. Depois passou a ajudar os aparatos de repressão, fornecendo transporte e cobertura.
    O coronel Erasmo Dias era amigo íntimo de Carlos Caldeira e frequentava as festas da Folha de São Paulo, almoços com Otavio Frias, pai e filho, juntamente com Dom Paulo de Evaristo Arns (este pedindo melhores condições carcerárias para os presos politicos). O que era normal, já que nos almoços de aniversário do jornal, em 1º de julho, além dos Frias, dos coronéis Lepiane e Erasmo Dias, estavam presentes personagens como o governador Paulo Maluf e os delegados Celso Telles e Romeu Tuma. [7]
    Claudio Abramo, que assumiu a secretaria geral da Folha em 1967, foi afastado em 1972 e preso em 1975, acusado de subversão. Em 1976, voltou a Folha e retomou a direção do jornal, sendo novamente afastado em setembro de 1977, supostamente por imposição do general Sylvio Frota, substituído definitivamente por Boris Casoy, mais ao gosto do militares. O motivo seria uma crônica de Lourenço Diaféria que criticava a estátua do Duque de Caxias. A pressão de Frota foi contestada pelo genereal Golbery, pois Frota foi deposto de seu cargo de Ministro dias depois do afastamento de Abramo.“Mas se foi o Frota quem pressionou, por que não chamam o Claudio Abramo de volta a direção do jornal?”, afirmou Golbery.[8]
    Com isso,“a Folha de São Paulo, transformara-se em porta voz do governo militar e mesmo cúmplice de algumas ações”, como destaca o livro de Kushnir.[9] Com Boris Casoy são tirados todos os nomes dos Frias do expediente, que só vão ser recolocados no jornal em 1984, na época das “Diretas Já”. De acordo com Beatriz, “uma jogada de marketing da Folha”, pois para a maioria das pessoas que continuam lendo a Folha, o jornal saiu de tudo isso como se nada do que aconteceu tivesse a ver com a família Frias, pretendendo, assim, entrar limpa para a história com a redemocrátização do País. Quando, na verdade, Otavio Frias foi um homem de negócios que prosperou em tempos de ditadura.[10]
    No livro, é reproduzido parte do jornal clandestino da ALN, “Venceremos”, que anunciava no editorial “Os que mentem ao povo”, o papel da família Frias: “O presidente do Grupo Folha, proprietário do grupo Gazeta e da estação rodoviária, testa de ferro de inímeros grupos americanos da indústria gráfica, Octavio Frias Oliveira, certificou-se de um fato real: há uma guerra e ele é o inimigo”.[11]
    A auto censura como justificativa
    Octavio Frias advogou também a tese de que “por uma questão de sobrevivência” o Grupo Folha não deveria ter censores e sim fazer autocensura.
    A censura prévia, que muitas vezes era feita em Brasília, como no caso dos jornais alternativos Pasquim e Movimento, visava quebrar o jornal. Pois, com isso, o jornal tinha que ser fechado com antecedência, afastando os anunciantes e deixando as notícias ultrapassadas e, de quebra, afastava os censores dos jornais para não serem influenciados pelos redatores.[12]Por isso, a maioria da grande imprensa resolveu adotar a auto-censura. O professor Bernardo Kucinski, citado no livro, lembra: "A maior parte da grande imprensa brasileira aceitou ou se submeteu a esse pacto. Para Médici, era melhor que o próprio jornalista se autocensurasse". E segue, portanto,“adesão a autocensura e identificação plena do proprietários dos jornais com os objetivos da repressão, e portanto um virtual colaboracinismo”[13]
    Outros orgãos de imprensa
    Mas, não foi somente a Folha que colaborou com a ditadura. O livro aborda também outros orgãos. Patrocinaram e sustentaram o golpe também: os Diários Associados, de Assis Chauteaubriand; o Estado de São Paulo e o Jornal da Tarde dos Mesquitas; a Radio Eldorado; a TN Record; a TV Paulista; o Jornal do Brasil; o Correio do Povo; a Tribuna de Imprensa de Carlos Lacerda; o Noticias Populares de Hebert Levy; e as Organizações Globo de Roberto Marinho.[14]
    Em compensação, Castelo Branco permitiu e patrocinou a venda das ações das Organizações Globo à corporação americana Time-Life, por 6 milhões de dólares, para a compra de equipamentos (venda considerada ilegal, pois as leis da época vedavam a estrangeiros participação nas empresas brasileiras de comunicação).[15] Segundo Valter Clark, até 1968, a TV Globo não sofreu nenhuma censura e, depois, “Ele (Dias Gomes) escrevia o que queria, eu colocava no ar o que podia. Não iria colocar meu pescoço em holocausto para ele posar de campeão da liberdade. Contratei o ex-diretor do Departamento de Censura da Guanabara (...) para fazer a censura mais rigorosa que fosse possível. Eu preferia decidir o que fosse ou não para o ar do que ouvir os censores do regime”[16]
    No livro “A imprensa e o AI-5”, de Jânio de Freitas, destaca-se a participação do JB na ditadura: “Naqueles tempos, e desde 64, o Jornal do Brasil (...) foi um dos grandes propagandistas da politica do regime, das figuras marcantes do regime, dos êxitos verdadeiros ou falsos do regime (...) Os arquivos guardam coisas hoje inacreditáveis, pelo teor e pela autoria, já que se tornar herói antiditadura tem dependido só de um passar para tal”[17]
    Frei Betto critica as notícias de culinária no lugar das matérias censuradas no Jornal da Tarde e no Estado de São Paulo. Para ele, “atenuavam sua cumplicidade com a mentira oficial publicando, nos espaços censurados, receita de bolos ou poemas de Camões. Os acólitos do regime adaptavam-se, substituíam o noticiário cortado, antecipavam-se a tesoura do censor, exercendo sem escrúpulos o aprendizado que faria a escola do jornalismo brasileiro: a autocensura. A insólita lição ensinava que o bom profissional deve alienar-se de suas ideias e convicções para escrever como o patrão escreveria, editar como o governo editaria”[18]
    O poder dos meios de comunicação
    Beatriz Kushnir incorpora em suas conclusões: “Este quarto pilar, localizado fora do aparelho do Estado, deveria, segunda esta concepção, vigiar os interesses de seus leitores, cidadãos republicanos”.[19]No entanto, Claudio Abramo é mais enfático: “um equívoco que geralmente a esquerda comete é o de que, no Brasil, o Estado desempenha o papel de controlador da informação (...) O Estado não é capaz de exercer o controle, mas sim a classe dominante, os donos. O Estado influi pouco, porque é fraco. Até no caso da censura, ela é dos donos dos jornais. Não é o governo que manda censurar um artigo, e sim o proprio dono do jornal. Como havia censura prévia durante o regime militar, para muitos jornalistas ingênuos ficou a impressão que eles e o patrão tinham o mesmo interesse em combater a censura”.[20]
    Assim como Mino Carta afirma: “A imprensa no Brasil é sempre parte do poder, é o proprio poder, mesmo quando esta na oposição. Uma eventual divergência com o governante de plantão não abala este pilar do establishment. (Portanto) a contribuição da imprensa para a manutenção do status quo tem sido magnífica, em certas circunstâncias, vital.”[21]
    Por isso, não podemos nos surpreender quando estes mesmos meios de comunicação se colocam contra as greves dos trabalhadores hoje, ou divulgam mentiras sobre militantes de esquerda e suas lutas, como as que foram divulgadas na época da desocupação do Pinheirinho. Afinal, são os mesmos jornais que continuam a sutentar o poder, defender os poderosos e manter o regime contra as ações do movimento.
    Neste sentido, o livro de Kushnir cumpre um importantíssimo papel ao colocar luz sobre a atuação da grande imprensa durante a ditadura, e serve de base para entendermos como os meios de comunicação trabalham hoje. Afinal, para a burguesia, o “jornalismo é um negocio”, que para ser feito, na maioria das vezes, necessita das benesses do Estado, e por isso tanto o defende.




    [2] Claudio Abramo, A regra do jogo, in Beatriz Kushnir, Caes de Guarda, jornalista e censores do AI 5 a constituição de 1988, p 230
    [3], “A publicidade da Folha”, jul/ago/set de 1997, p 78, in Beatriz Kushnir, Caes de Guarda, jornalista e censores do AI 5 a constituição de 1988, p 273
    [4] Beatriz Kushnir, Caes de Guarda, jornalista e censores do AI 5 a constituição de 1988, p 274
    [5] BNM, n 232, vol 3, p 932-3, Arquivo Edgar Leuenroth, in, Beatriz Kushnir, Caes de Guarda, jornalista e censores do AI 5 a constituição de 1988, p 303
    [6] Caes de Guarda, jornalista e censores do AI 5 a constituição de 1988, p 220
    [7] Persival de Souza, Autopsia do Medo, in Beatriz Kushnir, Caes de Guarda, jornalista e censores do AI 5 a constituição de 1988, p 315
    [8] Beatriz Kushnir, Caes de Guarda, jornalista e censores do AI 5 a constituição de 1988, p 224
    [9] Freire, Almada e Ponce in Beatriz Kushnir, Caes de Guarda, jornalista e censores do AI 5 a constituição de 1988, p 273
    [10] Bernardo Kucinski, em Sindrome da antena parabolica, p 66 in, Beatriz Kushnir, Caes de Guarda, jornalista e censores do AI 5 a constituição de 1988, p 229
    [11] Beatriz Kushnir, Caes de Guarda, jornalista e censores do AI 5 a constituição de 1988, p 333
    [12] Caes de Guarda, jornalista e censores do AI 5 a constituição de 1988 p 198
    [13] A Sindrome da Antena Parabolica p 61
    [14] René Armand Dreifus, 1964: A Conquista do Estado, ação política, poder e golpe de classe, p 233
    [15] Moniz Bandeira, O governo João Goulart, as lutas sociais no Brasil, 1961-1964, p
    362
    [16] Walter Clark, O campeão de audiencia (São Paulo, Best seller, 1991) In Caes de Guarda, jornalista e censores do AI 5 a constituição de 1988 p 189
    [17] Janio de Freitas, “A imprensa e o AI-5”, Folha de São Paulo 15/12/1998, p 5
    [18] Beatriz Kushnir, Caes de Guarda, jornalista e censores do AI 5 a constituição de 1988, p 228
    [19] Beatriz Kushnir, Caes de Guarda, jornalista e censores do AI 5 a constituição de 1988, p 349
    [20] Caes de Guarda, jornalista e censores do AI 5 a constituição de 1988, p214
    [21] Mino Carta, Posfacio em Lins da Silva, Mil dias, in, Beatriz Kushnir, Caes de Guarda, jornalista e censores do AI 5 a constituição de 1988, p 338

    Cães no Brasil de Fato RS

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